Dia 22



Entendendo a pastoral de mera conservação como um simples alimentar do já existente, onde a rotina se instala e onde a relação com Jesus se mantém por hábito, e, pelo contrário, a pastoral missionária, como centrada, inspirada e motivada por Jesus onde a comunidade se sente viva e chamada a agir no mundo, abrindo constantemente caminhos novos para a tarefa humanizante do Reino de Deus.

Como experimentamos isto na nossa comunidade?
Que lugar concreto tem o anúncio do Reino que já foi inaugurado por Jesus?
Fazemos experiência de uma pastoral de conservação?
Que passos dar para que se torne activa e missionária no mundo?

13 comentários:

Unknown disse...

Salvo muito raras excepções, a rotina está instalada sim. A relação com Jesus continua nas nossas comunidades a fazer-se por hábito, porque na Igreja se fazem festas bonitas, mesmo que não tenham a mínima ideia porque as fazem.
Continua-se a acreditar em deuses que não existem, que continuam a governar e a mover muitos... O anuncio do reino fica submerso de um anuncio que não desmitifica, por vezes até alimenta esta pastoral de conservação, porque o medo de se ser "crucificado" é muito e é real,basta ver o que se lê e diz acerca da abertura e discernimento com que nos fala o Papa Francisco... era preciso fazer o povo de Deus pensar..."se Jesus falava simples, porque complicamos?" A linguagem continua a ser difícil e não cativa os jovens, não lhes cria paixão por Cristo, vontade de o seguir em qualquer opção de vida...é urgente falar ao jeito de Jesus de maneira embriagada que revolva entranhas e que faça as pessoas saírem ao encontro umas das outras... falar assim funciona, mas dá medo e o medo tolhe e não nos deixa avançar. Falar assim faz "arder" o coração e move-nos, porque o ESPÍRITO encontra caminho... Só assim voltaremos ao CAMINHO.

antonio valente disse...

eu acho que a igreja, andou para trás muitas decadas, não acompanhou a ivolução das gerações, e hoje nós vimos que a juventude, se afasta das nossas igrejas, temos de mudar os rituais das eucaristias, para ir ao encontro destas gerações, há coisas que se pode mudar, Jesus também mudou muito quando passou pela terra, foi ao encontro das pessoas, porque é que tem de ser assim, o Papa Francisco está a tentar mudar as mentalidades da geração de muitos Padres, para que as nossas comunidades, sejam o que Jesus espera de nós. bem sabemos que as pessoas mais velhas já não mudam, mas temos de preparar o caminho para as gerações futuras, e nós também que queremos mudanças estarmos unidos a eles.

Eugénia Pereira disse...

Quase toda a minha vida vivi a experiência de uma pastoral de conservação:missinha ao domingo, catequese para poder ir à comunhão, confissão por altura da quaresma,... tudo isto e pouco mais, só porque sim.
Entretanto as coisas foram mudando e foram adquirindo outro dinamismo: grupo de acólitos, grupo coral mais dinâmico e animado, grupo de catequistas, grupo de leitores, grupo da caridade, grupo disto e daquilo... mas continua o "porque sim" ou, se calhar mudou para o "porque fica mais bonito".
Claro que o conceito de comunidade melhorou... Isso nota-se nos laços que criamos pela participação nestes serviços, pela entreajuda, pela partilha de bens e saberes e pelo convívio... Mas acho que a comunidade está descentrada do essencial - Jesus. Centramo-nos mais no "bonito que fica", nas regras que se cumprem ou não, na marcação de faltas a quem não vem a um encontro de catequese, no que diz o(a) responsável deste ou daquele grupo,...
O Anúncio do Reino e a participação na sua construção fica muito aquém do esperado. Muitas vezes anuncia-se com palavras bonitas e frases retiradas daqui é dali, mas não se lhes dá vida e entusiasmo... Não resultam numa prática comum. E se alguém ousa levar a sério o que se anuncia, corre riscos... tem a mania que é melhor do que os outros.
Uma das coisas que noto na minha comunidade é a falta de formação, não porque não haja, mas porque não se está para isso...
A maior parte das crianças e dos jovens aparecem aos encontros de catequese e à Eucaristia para fazer a vontade aos pais... mas não acreditam em muitas coisas, porque também não as entendem. No entanto já vão aparecendo alguns que, voluntariamente se começam a integrar.
É urgente deixar que o olhar de Jesus se cruze com o nosso,para que nos possa guiar.
É urgente assumir o Reino de Deus como nosso também e dá-lo a conhecer ao mundo, fazendo disso a nossa Missão prioritária... até com palavras, se for preciso.
É urgente conhecer de verdade e com verdade Jesus de Nazaré e, quando nos sentirmos fascinados por Ele (só a partir desse momento), falar dele com um entusiasmo contagiante para que outros tenham a oportunidade de o encontrar também e de lhe seguir os Paços...






Isabel (Bé) disse...

Viva com muita alegria!
Que feliz me senti em perceber, mais uma vez, que sou uma privilegiada por perteCER a uma Comunidade onde se VIVE e se trabalha caminhos novos para a tarefa Humanizante do Reino de Deus. Muito obrigada meus Redentoristas.
Digo ISTO deste jeito pois, estes dias, tentei provocar um grupo de pais usando aquilo que experimento.
Estes pais (de crianças de 5 anos) estão preocupados que os seus filhos recebam a Catequese!
Felicitei-os por isso. É Bom sentirmos essa necessidade (de Fé) MAS é muito bom perceber que a Fé não é uma teoria mas SIM um ESTILO!
A Fé não é uma disciplina, é uma "Linguagem" que se aprende trabalhando TODOS os sentidos (digo TODOS, porque poderemos encontrar mais que os 5 sentidos conhecidos...o Nosso Amigo Espírito Santo tem uma capacidade enorme de nos surpreender:))
Partilhei o quanto está a SER BOM, nós (neste caso eu e o meu marido) também pertencermos a um Grupo. São grupos diferentes pois são utilizadas técnicas diferentes mas com o mesmo sentido (lá está ele, o sentido, de novo): ganhar a PINTA do Nosso Irmão Jesus de Nazaré.
Se percebermos que é trabalhando TODOS os sentidos que conseguimos ir abrindo novos caminhos para anunciar o Reino que já foi inaugurado por Jesus, então com certeza não nos podemos concentrar só nas nossas rotinas institucionalizadas, o que dá vontade de dizer: não há lugar concreto para anúncio do Reino…ou… esse lugar concreto SER chamado de PRÓXIMO, Irmão.
Passos…assim de repente em acto de partilha…para cada um de nós?!?...trabalhar TODOS os sentidos focados no nosso próximo. Em que este próximo pode estar sentado ao nosso lado, como pode viver na porta em frente…como a viver na rua. .
Neste Reino não há desemprego. Não falta trabalho! E “cheira-me” que é bem pago…Haverá recompensa maior que sentir que estamos a fazer alguém feliz!?
SHALOM

Unknown disse...

Venho de uma educação repleta de doutrinas e normas,que sempre me deixaram confusa,e que ainda é ensinada e vivida em muitas comunidades... É difícil de mudar,mas o Papa Francisco está incomodando,assim como Jesus e seus Apóstolos,VIVA!!!!!
Depois de conhecer o CER,muita coisa alterou dentro de mim,e deve ser por aí, mudança interior e seguir,da mesma forma que os Discípulos seguiram Jesus.

Unknown disse...

Desconfio que se a história de Jesus fosse bem contada era sempre uma história nova. Nunca seria repetitiva. Claro que as coisas não se mudam da noite para o dia, embora isso possa acontecer com a nossa vida…
Acho, quase que tenho a certeza, de que uma das chaves para a "desconservação" de Jesus é a maturidade na fé.
Já lá vão 2000 anos!!! Já tivemos tempo suficiente para amadurecer na vida de Jesus e com a vida de Jesus.
Claro que a Igreja (agora no sentido de instituição) tem infantilizado muitos de nós; todavia, há que, pelos nossos meios e, mais uma vez, com quem sabe mais disto do que nós, procurar conhecê-Lo.
É importante ler os Evangelhos, o Novo Testamento...ler mesmo...reflectir sobre cada palavra que lá está.
Fazer isto desabridamente.
Ler em voz alta.
Vamos ver como reconheceremos nele muitas histórias de hoje do nosso mundo.
Vamos ver como recebemos muitas das respostas que procuramos.
Depois, há uma ideia que me anda sempre a azucrinar: esta coisa de muros, portas de segurança tipo “Fichet”, grades nas janelas, templos com câmaras de vigilância, identificações biométricas, identificação obrigatória de pessoas, de gentes, de povos, categorizações de cores de pele, computadores que só abrem com password, telefones que desbloqueiam com impressões digitais….esta coisada toda tem apenas uma origem: a desconfiança no próximo, que nos leva à apropriação, à posse, ao ter e, inevitavelmente, ao medo.
Medo de perder.
Quantas mais “passwords” e muros temos na nossa vida mais damos a entender aos outros que teremos qualquer coisa de valioso para guardar….ehehehe…O que provoca, depois no outro a vontade de ter também “aquilo” que acham que estamos a guardar….e muitas vezes sem saber o quê! O que nos leva a desconfiar do outro que pode querer aquilo que temos….e, por fim, ao medo, medo de perder.
PERDER O QUÊ? – não sei se me estou a fazer entender…..
Antes de mais, acho que temos de perder o medo…CONFIAR! Maduramente!
Sim. Fiz experiência de uma pastoral de conservação. Dei-me mal!
Não, não estou disposto a fazê-la mais!
Estou disposto a não temer Deus…estou apenas disposto a aceitar o seu a Amor e a devolvê-lo aos que comigo caminham, ou que comigo se cruzem, para lhes mostrar que este Deus não é de temer, é de AMAR…! E “mai nada”!
Temos de descongelar o Cristo que está dentro da redoma…(coitadinho….!)
Pomba…!!.(não isto não e qualquer referência ao Espírito Santo…é apenas uma interjeição)…se não acreditarmos genuinamente que o outro é a imagem e semelhança de Deus…e que se eu me aproximar dele isto vai ser uma grande reinação…que hipóteses tenho de enGraçar?
Eu…por mim (e pelo outro!!), já comecei por tirar a password do telemóvel….

Teresa disse...

Obrigada Luz, António, Eugénia, Bé, Elizabeth e Miguel.

Diferentes olhares e a tocar em pontos diferentes, mas centrados no mesmo.

Há trabalho a fazer.
Mas também há Esperança e passos que parece que começamos a dar em Igreja.

Viver apaixonado por Jesus é critério necessário para a mudança, e assumir o Reino como tarefa nossa também.

O trabalho a fazer com os nossos sentidos e a Confiança a depositar no Evangelho é coisa também a ter em conta!

Para isso...mudança interior em primeiro lugar.

Obrigada!

Já está a valer a pena!!

Teresa Ascensão
Equipa de Coordenação JRP

antonio valente disse...

Eu fui educado de uma forma muito radical, onde na minha minha infãncia e passei muita fome, a religiãoera vista pelos meus Pais como um dever obrigatório, ter de ir á missa, saber que veste era a cor que o padre trazia, onde nos amedrontavam, ainda agora existe Paróquias com essa mentalidade, mas com o tempo foi crescendo na fé, e fui vendo que não era bem assim, que Deus não era assim tam ruím, não era castigador como me era dito na minha infãncia, ainda bem que houve alguém que nos foi tirando da escuridão, e nos vai abrindo os nossos olhos, para que encaremos JESUS, como nosso Irmão que caminha ao nosso lado todos os dias, e não tão distante como nos era transmitido, Hoje vejo JESUS, ao perto encostado a mim, é isso que transmito nos encontros que participo, é bom quando nós estamos disponiveis, para abrir a nossa mente, para clarificar-mos o que está escondido no nosso cérebro, obrigado JESUS, por me meteres neste caminho, para eu te conhecer melhor, obrigado obrigado obrigado.

Anónimo disse...

Tenho recebido sempre as vossas notificações e desafios como mera observadora, sempre pensando que estaria a "meter o bedelho" numa reflexão que poderia aproveitar mas que não era inteiramente minha. Falta de maturidade. Foi com esta reflexão que ontem (22) li e senti mesmo que não era assunto de outro. Fico meia criança sempre que vejo coerência entre o que vivo na minha pequena comunidade, na minha paróquia, com a diocese, a vossa comunidade, na Igreja pelo mundo. Sei que não me devia surpreender, pois apesar das muitas comunidades, formamos uma só que segue Jesus. Mas comigo, não sei se da minha idade, do meu contexto ou da forma como vejo o mundo, estes momentos são sempre de uma brisa suave e de sorriso no canto da boca. Tudo isto só para mostrar a minha felicidade em participar nestas Jornadas de Reflexão convosco que me ajuda sem dúvida, porque intui para o mesmo, despertando outros sentidos, nas Jornadas que fazemos pela nossa comunidade em Coimbra.

Respondendo ao que nos foi proposto. Penso que quem teve a mesma oportunidade que eu na iniciação cristã, reconhece a tensão entre uma pastoral de conservação e missionária (não sei porquê, aqui chamamos de evangelização, estou a assumir como o mesmo). E até pode reconhecer na Igreja estes dois movimentos, entenda-se talvez como ações: para dentro e para fora. Por aqui, pegou a imagem do coração: sístole e diástole. Acho bonita.

Nasci num contexto tipicamente católico, batizada cedo, com direito a cerimónia com outros tantos e porco no espeto no final. O que era para ser um percurso catequético paroquial normal passou para um educativo e, em paralelo, uma experiência de comunidade com os Capuchinhos (onde podia acolitar, algo que na minha paróquia não era possível por ser mulher). Pelo menos durante 10 anos cresci com duas comunidades muito diferentes entre si para responder a questões muito semelhantes.


Anónimo disse...

Desde que descobri a Comunidade Redentorista, através do P. Rui Santiago, senti que me faltou uma vivência próxima e de verdadeira comunidade na Igreja. É algo que me tem vindo a inquietar mas vou mordendo o assunto sem me chatear muito com o passado. Enquanto lia os vossos comentários passou-me pela cabeça que talvez fosse a falta da pessoa de Jesus, o homem, que me fazia sentir assim. Não se interprete mal o que digo: todos os religiosos que estavam connosco e nos ajudaram a crescer era óbvio que algo de muito bom os tinha interpelado. Nos cânticos, nas catequeses, nas orações, era e é Jesus que nos convida, que nos reúne, ok. Eu sei. Mas entre saber e sentir vai uma distância, não sei bem qual. Sem Jesus, experimento que o Reino de Deus possa ser somente uma carta de civilidade, bons costumes, respeito para uma vida harmoniosa entre os povos. Atrevo-me a dizer que sem Jesus nem tem sentido dizermos Reino de Deus, vai parecer obsoleto...

E depois sim, a Pastoral torna-se de conservação. Rezamos não porque estamos numa relação, mas porque é o método de nos aproximarmos dessa civilidade. Vamos à missa para ganharmos força para sermos bons, ou para nos dar sorte para determinada coisa. A dado momento já nem nos lembramos que Jesus estava nesta história e toda a conversa deixa de fazer sentido. E aí sim, parece que estamos a empurrar a tralha da tradição, de um rito que passou."Endeusamos o que Deus quis humanizar" de tal forma que Jesus deixa de fazer parte da nossa comunidade e é dispensável. E o que fica é o que dá para conservar, domesticar. Porque a mim parece-me que Jesus não está para isso, para estar num museu...

Há uns tempos fui ao Museu Nacional Machado de Castro com o meu primo (pequenito). Recebeu a Bíblia este ano, na Festa da Palavra, com a mesma comunidade que eu. Neste museu, na Arte Antiga tem Jesus(es) por todo o lado. Várias representações do mesmo: o Calvário. Foram escassos os exemplos em que pudessemos falar de outra coisa que não a morte de Jesus e, claro, a curiosidade da ressureição (confesso que não sei explicar tal coisa. Para isso só tenho o silêncio). Noutros quadros e pinturas, falámos de uma vida como a nossa, situações de Atos de Jesus que podem ser os Atos de quem o segue de coração verdadeiro.

Esta situação só me fez pensar que uma pastoral de conservação é porque parou na morte e se enfiou num beco sem saída percorrível. Ainda não passou pelo Pentecostes, que ainda não se lembrou da vida de Jesus ou ainda ninguém lhe falou da vida desse Jesus de Nazaré. Acredito que o dogma, a doutrina e essas coisas ligadas à regra (não retirando que possam ser limitativas e possam estrangular a vida) só têm força sobre nós porque ainda não conhecemos Jesus. Muitas das palavras, gestos, propostas ajudam-nos mesmo a viver a nossa relação com Deus, falam-nos dele. Mas também aqui posso estar a ser tendenciosa, pode ser uma coisa que faz sentido para mim e alguns outros mas não para todos.

Tenho uma memória agradecida grande da qual vocês fazem parte, sem dúvida, porque me ajudam neste meu caminho da cegueira à luz. (Penso que somos todos cegos de nascença!) A iniciação cristã, seja em que idade, é a oportunidade de falar da Verdade que nos permite dar os primeiros passos para descobrirmos por nós quem é Jesus: em Comunidade para o Mundo.

Obrigada e até breve!

VOANDO... disse...

Ser cristão é anunciar e testemunhar Jesus! Dos Actos de Jesus em Actos dos Apóstolos - é para nós! E isto em percurso e dinamismo comunitário. A força de uma Comunidade está na comunhão, no darem-se as mãos, na partilha.

José Silva Oliveira disse...

António, "Anónimo" e Voando... Obrigado pela vossa partilha!

É engraçado ver como tantas experiências diferentes mostram algo de tão semelhante: a conversão de um dinamismo comunitário não acontece sem um dinamismo de conversão pessoal; e um dinamismo de conversão pessoal não acontece sem o contágio de um dinamismo comunitário que seja anúncio desse Reino inaugurado por Jesus.

Esta passagem de uma pastoral de conservação para uma pastoral missionária é coisa de aconTECER.

Que coisa...

José Silva Oliveira
Equipa de Coordenação JRP

Hermínia Nadais disse...

Tantas verdades descritas nestes maravilhosos comentários!... Que o Espírito Santo nos ajude a sermos... o que necessitamos... para que Deus/Jesus seja mais conhecido, amado e vivido por todos!

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