Dia 25

A Igreja é chamada a sair para as periferias e isso implica que deve abandonar a atitude autorreferencial. Aproximar-se da cidade significa reconhecer as periferias que nela existem: periferias religiosas (os que não acreditam no Evangelho), urbanas (os que vivem nos bairros longe do centro, muitas vezes privados do necessário para viver dignamente), sociais (os que são considerados «resíduos urbanos», EG, nº 7), existenciais (os que vivem em situações-limite, como as crianças e os idosos, ou os doentes e os abandonados). Em poucas palavras, é preciso «ir em todas as direções» (DA, nº 548), chegar a todas as periferias. Quando se vai lá, descobre-se a dor de muitas pessoas e a luta pela sobrevivência que muitas vezes acompanha o seu caminho. 
in L.M.SISTACH - A Pastoral das Grandes Cidades 

Conseguimos identificar concretamente as nossas periferias?
Quais são as periferias da minha cidade, da minha casa, da minha comunidade? 
Conseguimos chegar lá, enquanto comunidade? Onde é que ainda não conseguimos chegar? E porquê?

... até que os últimos das nossas periferias não sejam simplesmente os destinatários da nossa missão, mas se tornem nossos irmãos e companheiros de caminho.

De uma Igreja PARA os últimos a uma Igreja COM os últimos para uma Igreja DE últimos.
De destinatários a irmãos e companheiros.
De últimos a primeiros.

Que é que isto muda?

8 comentários:

Unknown disse...

Uma igreja, todos nós, é uma comunidade Cristocêntrica, Cristocentrada…tem de ser.
Se não for, não é uma igreja, pelo menos não é “a Igreja”.
Sendo-o, com Cristo no centro, tem de haver nesse círculo comunitário uma equidistância da(s) periferia(s), de toda ela, em relação ao Eixo, Jesus.
Sendo um círculo, aquela linha equidistante em relação ao Centro, não sabemos bem onde começa e onde acaba e, porventura, é uma linha infinita…porque não sabemos onde começa e onde acaba, não lhe conhecemos o fim nem o princípio…se calhar até é eterna.
Para mim, esta imagem “geométrica” da Igreja tem uma beleza extra ordinária…fora do comum: põe-me no sítio…e não me vale a apena andar cá com esta ou aquela arroganciazita em relação aos outros pontos da linha; porque eu sou apenas um deles. Não sou mais do que um ponto igual a uma infinidade de outros iguaizinhos a mim…
No entanto, é uma posição vital…dá-me a vida que tenho. E não outra qualquer.
À primeira vista poderia parecer uma posição muito periférica em relação ao Centro.
Só que esse Centro, estabelece connosco, com todos (creiam ou não), uma relação de “forças nucleares de curto alcance” (tipo aquelas que seguram os componente do núcleo dos átomos – e a propósito, “a-tomo”, apenas quer dizer indivisível, uno - e unido num processo vital para toda a vida): são “nucleares” porque são o cerne da questão, pois fazem com que tendamos para a unidade comum, para a comunidade (caramba: uma unidade eterna infinita!); de “curto alcance” porque nos apertam numa proximidade donde não poderemos escapar; de uma enorme atracção universal que tudo e todos une, tudo e todos atrai; “força”, mas gentil, sem qualquer violência, força que (ao contrário das forças brutas dos átomos que, quando se libertam provocam uma explosão destrutiva) quando se liberta explode num AMOR incomensurável e assim nos mostra como é possível humanizamo-nos, nos provoca, nos convoca, nos apela à Comunidade.
Só que…nós somos pessoas em construção.
E nessa construção pessoal, fazemos escolhas: e muitas vezes a escolha vai no sentido de “periferizar” o outro…Quero dizer, as periferias não existem por si…as periferias existem por nós…por nossa causa..
Construímo-las. Todos os dias: em bairros “sociais” e condomínios de luxo, em depósitos de idosos, em escolas com turmas de “excelência” que todos aplaudimos acriticamente, em projectos onde apenas conta a “eficiência” medida pelo lucro e pela eficácia na gestão dos “recursos” (onde existe também um certo tipo de recurso a que chamamos “recursos humanos”), em classificações em árvore donde perdemos de vista a raiz, tantas são as denominações e as dominações que se estabelecem em hierarquias absurdas…
E “abastardamo-nos”: perdemos a Filiação….aquele Fio de Misericórdia que nos une ao Pai, ao “Papá”… seca-nos a raiz…e sobrevivemos, mais ou menos, e ai preocupamo-nos (os que se preocupam!) com os outros pontos da linha do círculo de que fazemos todos parte…
Mas há ESPERANÇA!
Porque para além daqueles que se “pré-ocupam”, há aqueles que se OCUPAM MESMO…e trabalham todos os dias, todas as horas, exaustiva e intensivamente para que nos lembremos que aquela Gentileza que nos aperta uns aos outros com força certa, num abraço inescapável, existe e que….que…apenas basta que nos deixemos abraçar com a confiança de um Profeta…para que naquele abraço fiquemos um no outro e…o “outro” fica “nós”!
Louvo-te, Pai, por nos mostrares em Jesus o Caminho para o NÓS!

Unknown disse...

Até agora não disse nada com sentido... ÚLTIMOS? quem são? Sabes o seu nome? Quando se olha nos olhos o irmão se segura a sua mão e o levamos para casa, o Mestre visita-nos...só fazendo esta experiência uma e outra vês até do coração nos sair: Amigos para a vida? ai faz-se o clique... eu não posso acolher todos, mas descobri que posso acolher os que o Mestre me trás...e eles estão ai(já cá estiveram em casa), na minha comunidade ou vindos de fora... sozinhos pouco podemos fazer, mas em comUnidade...
As comunidades não são estanques podemos beber de muitas para enriquecer a nossa...eu encontrei-vos,conto convosco...

Unknown disse...

Umas vezes sim,outras não,nem sempre deixamos o Espírito Santo atuar.
A periferia da minha cidade são os que andam a pedir,a perambular sozinhos e desorientados,os mais velhos que não recebem visita..... Da minha casa são os que não se deixam tocar pelas palavras e exemplos de Jesus. Da comunidade são os que andam a procura de Jesus e não encontram da forma como queriam.
Sim,vejo a minha comunidade tentar, cada vez mais, fazer com que todos sejam incluidos,se sintam incluidos,e que possam ganhar a pinta de Jesus.
A aproximação com todos é a forma de conseguirmos chegar lá,sendo que iremos sempre encontrar os que não querem aproximação.
Sinto que há os que andam tentanto sair da periferia religiosa,só que quando surgem dúvidas não questionam e acabam ficando na periferia.
Tenho Esperança de que,mesmo devagarinho,vai - se conseguindo algumas mudanças.
Que venha a mudança!

Unknown disse...

Umas vezes sim,outras não,nem sempre deixamos o Espírito Santo atuar.
A periferia da minha cidade são os que andam a pedir,a perambular sozinhos e desorientados,os mais velhos que não recebem visita..... Da minha casa são os que não se deixam tocar pelas palavras e exemplos de Jesus. Da comunidade são os que andam a procura de Jesus e não encontram da forma como queriam.
Sim,vejo a minha comunidade tentar, cada vez mais, fazer com que todos sejam incluidos,se sintam incluidos,e que possam ganhar a pinta de Jesus.
A aproximação com todos é a forma de conseguirmos chegar lá,sendo que iremos sempre encontrar os que não querem aproximação.
Sinto que há os que andam tentanto sair da periferia religiosa,só que quando surgem dúvidas não questionam e acabam ficando na periferia.
Tenho Esperança de que,mesmo devagarinho,vai - se conseguindo algumas mudanças.
Que venha a mudança!

VOANDO... disse...

"De uma Igreja PARA os últimos a uma Igreja COM os últimos para uma Igreja DE últimos.
De destinatários a irmãos e companheiros.
De últimos a primeiros." Tudo isto são etapas do percurso de uma igreja construída por todos e que a todos quer envolver, formando-se uma irmandade de companheiros a caminho.

antonio valente disse...

Nós Igreja ainda olhamos um pouco de lado para aqueles que não tem lugar nas nossas comunidades, bom com eu disse no tema anterior, a nossa Paróquia já vai fazendo alguma coisa com essas pessoas que estão excluidads da sociedade, mas não é facil chegar a esses que são os ultimos, pelo nosso trabalho que vamos fazendo, não podemos é perder a esperança, e pedir ao Espirito Santo que nos Ajude, nos de força e nos proteja-

Eugénia Pereira disse...

Antes de mais, quero agradecer ao Miguel Alves do Vale, pela reflexão que fez e pela sua "imagem “geométrica” da Igreja" que, também a mim, me põe no sítio.

Esse é o grande desafio, como Igreja que somos, o de tomarmos consciência de que nos devemo sentir ao mesmo nível de todos os filhos de um Pai que só é Amor.
Se isso não acontece é porque algo está a falhar... e não é Deus, com certeza.

Se existem periferias é porque o centro da nossa vida e da nossa comunidade está descentrado... O centro não é centro, porque não atrai a si.

Numa comunidade, como numa vida, quando o centro é Jesus, tudo gira à sua volta, tudo é atraído para o Centro, tudo tende a unificar-se.

Não somos uma Igreja de comunidades perfeitas, nunca fomos. No entanto há muitas que se esforçam e trabalham, em nome de Jesus, para um Reino de Amor, o de Deus, apesar de todas as dificuldades. Mas também há outras que trabalham pelo sucesso próprio, para dar nas vistas, para valorizar alguns, pelo poder,... tudo isto acompanhado com discursos bonitos, a abarrotar de moralismos e boas intenções que, na prática perdem a credibilidade, pela falta de coerência ("olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço "). Nestas últimas, o centro está descentrado, não é Jesus (por mais que se apregoe aos quatro ventos)... O centro é o EGO de alguns que, pouco a pouco, vai sendo desmascarado por atitudes contrárias ao amor, incoerentes em relação aos discursos proferidos... e isso gera periferias, porque afasta do centro.
Depois há as não-comunidades.

Muitas vezes, as periferias de uma comunidade são aqueles que, supostamente, deveriam orientar e atrair para Jesus, mas estão demasiado auto-centrados, fascinados pelo poder (eu quero posso e mando) e, por causa disso, não deixam o Espírito agir, não entram na onda do Amor que é Paciente, tudo Perdoa, não é orgulhoso, não se irrita,...
Acho que estes são os mais difíceis de cativar e atrair, de verdade, para Jesus, porque estão demasiado preenchidos de si e Jesus não cabe. Mas não há nada que o Amor NÃO vença... pois até em comunidades assim existem aqueles que nunca se descentraram do essencial - JESUS.

Como refere a Luz Reis, "As comunidades não são estanques, podemos beber de muitas para enriquecer a nossa...". Esta partilha é fundamental para crescer. Aprendamos uns com os outros a fazer o bem e a evitar o mal. Que os bons exemplos sejam imitados e os maus exemplos sejam evitados. Uma comunidade fechada em si não é uma comunidade viva, nem sequer identifica as periferias, porque não as vê.
Para que os últimos sejam irmãos e se sintam irmãos têm que ser acolhidos como tal, em comunidades voltadas para fora de si, sem julgamentos nem falsos moralismos. Sempre ouvi dizer e até já experienciei que uma atitude vale mais do que mil palavras.

A minha comunidade não é perfeita, muitas vezes perdemo-nos do Centro, mas há muita gente que transpira Paz, porque respira o Amor... e isso é o sinal para nos focarmos no que realmente nos faz Felizes, coLABORAR com o Pai na construção do Reino do Amor.

"Olha como eles se Amam e são Felizes, até nas dificuldades... vale a pena viver assim." - Este é o meu sonho para a minha comunidade e para a Igreja, como Cristã.

José Silva Oliveira disse...

Miguel, Luz, Elizabeth, Voando, António e Eugénia, mais uma vez, um obrigado grande pelas vossas partilhas tão ricas!

Falar de periferias é, sem dúvida, falar do Centro! Que bela imagem!

Estamos todos a caminho, a ver se somos atraídos e puxados para o mesmo Centro. Essa é a nossa Esperança!

José Silva Oliveira
Equipa de Coordenação JRP

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