Dia 23

6 comentários:

Eugénia Pereira disse...

Custa-me muito assumir que a Igreja ainda é vista, por uma grande percentagem de pessoas que se dizem cristãs, como prestadora de "serviços": tem a obrigação de fazer casamentos, batizados e funerais, deve ensinar a doutrina (sem grandes exigências) às crianças, para que possam fazer as festas todas da praxe, incluindo o crisma, para poderem ser padrinhos ou madrinhas...

Há pouco tempo tomei consciência de que ainda existem muitos "cristãos" que não se sentem pertença da Igreja: "... sim, às vezes fazemos parte, quando lá vamos à missa ou a um batizado ou casamento...", dizia-me alguém, no meio de uma conversa, um dia destes, depois de lhe dizer que nós, se nos dizemos Cristãos, fazemos parte da Igreja e, por isso, também temos as nossas responsabilidades...
Isto chocou-me, porque achava que já não se pensava assim.
Como é possível?
O que falta?
Como mudar isto?

Estas constatações vêm reforçar a necessidade de uma evangelização mais esclarecida e simples, sem ritualismos nem linguagens demasiado elaboradas.
Precisamos Ser Cristãos fascinados por aquilo e Aquele que anunciamos... mas o fascínio só existe por quem se conhece, admira e Ama.
Então abramo-nos a Ele, que nos procura e se quer dar a conhecer...
Isto é possível em pequenos grupos, onde se reza, se escuta, se fala abertamente, onde se lêem as Escrituras, se levantam questões, esclarecem dúvidas, onde se põem em causa verdades herdadas, partilham-se experiências de Fé,... Onde nos sentimos suficientemente à vontade para crescer na Fé, sem medo de sermos excluídos por questionar coisas demasiado "sagradas".

Agradeço a Deus e a todos aqueles que me têm ajudado a perceber estas coisas, a sentir na pele a importância de ser comunidade, a conhecer e amar um Abbá (Papá) que não conhecia e um Jesus que não é mágico, mas Humano...
Agradeço, profundamente, àquela Comunidade (CER) que me tem acolhido e formado, fazendo com que a sinta um pouco minha, também...
Dou graças a Deus por me sentir parte integrante e ativa na minha comunidade, que amo muito...

Cada vez mais acredito no poder do Amor que vem de Deus, porque sinto a sua inFLUÊNCIA em mim.

Ainda se sente muito medo do desconhecido...
Ainda é difícil andar ao "Deus dará", quer dizer ABBAndonar-se na "brisa" que nos leva sem sabermos bem para onde...

Mas a Esperança permanece!

Unknown disse...

Jesus não é conhecido daqueles que se dizem cristãos, eu que me digo cristã desde sempre só há poucos anos O vou descobrindo... Só se ama o que se conhece a fundo...Quando temos um amigo verdadeiro apanhamos-lhe o jeito, o tempo deixa de passar quando estamos juntos... enquanto não houver esforço de aproximação apaixonada, que nos faça mover ao Seu jeito,ao jeito de Jesus... que é próximo porque toma a iniciativa de se aproximar,que acolhe TODOS,que ensina a partilhar de maneira a sobrarem 12 cestos...Enquanto nas nossas paróquias não se tiver a coragem de parar tudo e começar por conhecer JESUS para depois o anunciar...
" A verdadeira fé não é possível sem a compaixão. O "Reino" em que Jesus queria que os seus contemporâneos acreditassem era um "Reino" de amor e serviço, um «Reino» de fraternidade humana em que cada pessoa é amada e respeitada pelo facto de ser uma pessoa.
O poder de Deus é o poder da compaixão.
"Jesus é aquele que é tomado por Deus, é abençoado por Deus, é partido na cruz e dado ao mundo."isto tem de ressoar no coração de todos os cristãos e move-los a ser o mesmo... abençoados, partidos e dados...

Unknown disse...

“Como podemos nas nossas realidades eclesiais proporcionar momentos de proximidade com a palavra de Deus e encontro pessoal com Jesus pela oração?”
Hoje vou tentar ser mais prático.
Sim. Percebo a pergunta.
A primeira resposta e considerando as “nossas realidades eclesiais” – aquela que está mais perto, geograficamente, da minha casa (“domus”) – é: não podemos!
Daí que a solução passe, primeiro, pela transformação dessa realidade.
E sim. A igreja doméstica parece-me ser um bom Caminho.
Ao que tenho experimentado, a igreja em casa é-me uma boa ideia – que já se vai concretizando – muito “portátil”…quer dizer, que posso levar de um lado para o outro…E tem sido uma muito boa maneira de transfigurar a minha própria morada.
Num ambiente mais familiar, mais “doméstico”, mais próximo, fica melhor e mais saboroso dizer de Jesus e como ele mora assim em minha casa, começa a fazer parte dela…
Temos também de adaptar as nossas casas…e quem vive nelas: o espaço, para que seja propício ao acolhimento, ao recolhimento, à oração, à leitura…Não, não penso ser necessário criar quartos de santuário – como dantes havia – dedicados aos nossos santos preferidos…e mesmo a Cristo. É mais abrir as portas a quem queira entrar….sem que se sinta como se não estivesse em casa. Pôr a mesa, sentar as pessoas à mesa, se for preciso organizar um esquema de “multas” – eles trazem bebidas, elas trazem comidas - escolher uma toalhas lavadinhas, pôr os pratos na mesa, pedir ajuda na preparação da refeição e repetir isto tantas vezes quantas as que forem necessárias para que quem não dorme lá, saiba onde estão todos os utensílios e condimentos para uma partilha do pão (…aquele nosso de cada dia)…
Depois, temos de nos adaptar nós próprios…quer dizer, criar propositadamente as nossas rotinas de falar de Jesus – sem que seja despropositado (temos de ser “astutos”, não é?) - e treiná-las tantas vezes quanto as que forem necessárias para que passe a ser um momento por que se anseia…!
...”abrir as escrituras” e ler e conhecer e comentar e ouvir os outros e estarmos atentos…(confesso que neste particular, da abertura das escrituras, me faz falta orientação…)
Para que isto aconteça, lamento dizer que há outras “rotinas” que têm de desaparecer propositadamente: aquelas que nos esmagam…não é?
Claro, braços abertos, coração ao alto, confiança, intimidade que se vai ganhando, fortificar as intimidades….
Depois disto tudo, penso que se deve levar esta nossa igreja de um lado para o outro e até ir de férias com ela…
Penso que a igreja doméstica, depois de feita, não deve ficar em casa…!
Tem de sair…missionar-se…contagiar outras …e quem dela fizer parte tem de ter um “ar” que se nota logo ao longe…: olha ali vem um que é de Cristo….vê-se logo pelo “ar”!
E quando houver mais igrejas destas, que são de Cristo, é sintonizá-las todas no mesmo “wi-fi” (de sinal aberto, claro…onde a password é RUAH – tudo em maiúsculas…) …estabelecer relações firmes, olhá-las de frente e dizer-lhes que são bonitas…(Olha que bonita igreja doméstica ali vai!!! Sim, Senhor!!) como a minha…
Tudo com Jesus no centro: olhar-lhe as palavras e repeti-las…olhar-lhe os gestos e…imitá-los!
Sim, docilidade, espírito dócil…Espírito Santo!

antonio valente disse...

a Igreja, somos todos nós,! não é facil lidar com pessoas e com a mente de cada um, ao longo da minha vida, tenho vindo a fazer a minha refeleção, do que é a igreja; tenho participado em grupos de proximidade, e vejo que esse é o melhor caminho para chegar a uma comunidade, a uma Paróquia, eu tenho sentido isso na minha Paróquia, existe uma cumplicidade em cada um de nós que participamos, em transmitir o que é importante trabalhar em grupo, em (comunidade) e aí é mais facil chegar á igreja á Paróquia, e a comunidade, resumindo nunca se chega a lado nenhum sózinho. uma abraço e boa refeleção.

Unknown disse...

Acho que experimentando a Igreja doméstica,pois é uma forma de dar os primeiros passos para "AJESUAR".

José Silva Oliveira disse...

Obrigado a cada um de vocês, Eugénia, Luz, Miguel, António e Elizabeth.

Reconhecermos que precisamos de criar intimidade com Jesus para o conhecer e para o seguir parece ser um primeiro passo para olharmos DE NOVO para o modo como se constrói a nossa acção pastoral.

E essa intimidade só se entende numa linguagem de proximidade. É preciso metermo-nos com Jesus, metendo-nos nessa aventura com outros irmãos. E que bonito é intuirmos que, no meio disto tudo, nunca poderemos ficar iguais. Nem ficar, nem iguais.

A vivência proporcionada por uma lógica de Igreja Doméstica faz-nos sair. E muda-nos tanto...

Obrigado. Mesmo muito obrigado a todos.

José Silva Oliveira
Equipa de Coordenação JRP

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